Resgate Pago à satanás - Substituição Penal

24/11/2019

Devido a abundante testemunho bíblico referente a morte de Cristo e seu valor, várias teorias sobre a expiação surgiram ao longo dos séculos. Nesse artigo veremos duas delas - 1. A Teoria do Resgate Pago a Satanás; 2. Teoria da Substituição Penal.

Resgate pago a satanás

Ensinada por Irineu, Orígenes, Atanásio e Agostinho. Acredito que tal ensinamento surge da junção da "imagem" de termos sidos "comprados", cujo pagamento foi o sangue de Cristo (1 Co 7.23; 1 Pe 1.18; Hb 9.12), com versículos que relacionam o sacrifício de Jesus como tendo "despojado os principados e as potestades" (Col 2.13-15); Jesus como sendo o "valente" que "amarra" o diabo, lhe "saqueia a casa", e que o "vence" (Mat 12.29; Lc 11.22); satanás como sendo o "príncipe desse mundo" (Jo 12.31; 14.30; 16.11; Ef 2.2), e outros...

De acordo com esse pensamento, as pessoas, por causa de seus pecados, pertencem a satanás por direito. Mas Deus, a fim de libertar os pecadores, ofereceu sEu Filho na cruz em troca como um resgate, uma barganha ao diabo, e este aceitou a negociação. Entretanto, enquanto satanás pensava exercer domínio sobre Jesus, pela sua morte na cruz, o Filho de Deus ressuscitou triunfantemente dos mortos, deixando assim o maligno sem os seus prisioneiros humanos e também sem o resgate que ele havia aceito no lugar deles. Desse modo o diabo descobriu-se enganado e vencido por Deus, perdendo assim todas as suas preciosas vítimas.1

Uma teoria que não combina com os relatos bíblicos acerca da importância do sacrifício de Cristo (comentado mais adiante), porém encerra uma importante verdade, isto é, que a vida e obra de Cristo (incluindo sua morte, ressurreição e ascensão) significam a sua vitória sobre o diabo e o pecado.

Teoriada Substituição Penal

A bíblia apresenta uma variedade notável de ideias relacionadas ao conceito da "expiação". No Antigo Testamento, o vocábulo "expiação" é oriundo da raiz verbal hebraica כפר (kaf-pê-resh) - cobrir, proteger. Dessa raiz derivam vários termos que, conforme seus contextos podem variar de significados, como: cobrir (metaforicamente), pacificar, cobrir (a calamidade), prover reconciliação, não culpar alguém, perdoar, resgate (preço pago afim de evitar punição) ou libertar. De modo geral, nota-se que a ideia central do ato de "fazer expiação" é unir duas partes que haviam sido inimigas em um relacionamento de paz e amizade.2 É justamente isso que Jesus veio fazer. Pois "nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus" por Sua morte expiatória (Rm 5.10a). 

Deus é SANTO (1Pe 1:15-16), Justo Juiz, Criador e Soberano. Sua lei exige santidade. Nós não podemos dar a Deus a santidade completa por causa dos pecados que cometemos (Rm 3:23), porém Ele não pode deixar o pecado em sua criação impune, Sua justiça requer que Ele não "faça vistas grossas", Deus exige a satisfação de sua lei. Ora, como tanto a lei de Deus quanto Sua honra, dignidade e justiça foram ofendidas, logo, Cristo morreu a fim de providenciar uma "satisfação" a Deus, no que diz respeito a esses aspectos, e não ao diabo. Outra crítica ao pensamento anterior (resgate pago a satanás) é que seria inadequado ao caráter divino valer-se do engano afim de poder derrotar o inimigo.

O conceito de termos sidos comprados para Deus, cujo o pagamento foi o sangue de Jesus (Mc 10.45; Ef 1.7; 1Pd 1.18-19;), que é vinculado aos termos "redenção, libertação, preço do resgate, soltura," entre outros, é por causa da ideia cultural da época. Naquele período, não somente entre os gregos, como também entre os judeus, um resgate frequentemente era pago para soltar escravos (Ex 21.30; Lv 19.20). Assim os escritores néo-testamentários, influenciados pelo Espírito Santo, usa a ideia de redenção, de resgate no sentido de que fomos libertos da "escravidão do pecado" (Jo 8.34; Rm 7.14), passamos então a ser posse de Deus (Atos 20.28; Ap 5.9).

Percebesse que, os sacrifícios sangrentos do Antigo Testamento, os quais tinham por objetivo expiar os pecados humano (remover a culpa do pecador) (Lv 8.14; 17.11; Nm 8.12), eram uma substituição penal, ou seja, a morte de um animal tomava o lugar da morte de uma pessoa, uma vez que a morte é a penalidade pelo pecado (Romanos 6:23). Tais sacrifícios apontam para o maior e mais importante de todos os sacrifícios, aquele do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29). Conceito claro nas cartas paulinas, que diz que "Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras" (1Co 15.3b), que "tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus." (2Co 5.18-20).

A teoria da substituição penal considera a expiação de Cristo como um sacrifício vicário e substitutivo, que por ser Deus/Homem, a sua morte teve um valor infinito, que satisfaz as exigências da justiça de Deus sobre todo pecado. Através do seu sacrifício, Cristo pagou a penalidade do pecado do homem, trazendo perdão, imputando justiça a todos que nele creem (Rm 5.1) e reconciliando o homem com Deus.

"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu." Isaias 53.4-20

Pelo pr. Eder L. de Souza

Referências

Aragão, J. (14 de abril de 2017). Por que Jesus morreu? Conheça quatro teorias sobre a Expiação. Fonte: Gospel Prime: https://www.gospelprime.com.br/por-que-jesus-morreu-conheca-quatro-teorias-sobre-expiacao/

Champlin, R. N. (s.d.). Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Hagnos.

Como e a quem Jesus pagou o nosso resgate? (s.d.). Fonte: Got Questions: https://www.gotquestions.org/Portugues/resgate-Jesus-pagou.html

Vailatti, C. A. (2015). Expiação Ilimitada. São Paulo: Reflexão.

ALLISON Gregg. Copiado do livro EXPIAÇÃO ILIMITADA (Editora Reflexão) Carlos Augusto Vailatti. 2015. Pg.32

2 TENNEY, Merril C. Copiado do mesmo livro, pg. 19 

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