Quem Dizem que Eu Sou? *O Filho do Homem

29/09/2019

Tendo em vista a importância de se ter uma crença correta sobre a pessoa de Jesus, este artigo, é o terceiro (clique aqui para ver o segundo) de uma sequência que, tem por objetivo analisar ,de forma resumida, o que Jesus pensava e ensinava sobre si próprio, veremos neste, o título "O Filho do Homem".

A expressão "filho do homem" no hebraico, ben-adam (Sal. 8:4; 80:17; Dan. 7:13; Eze. 2:1-3). No grego, o uiòs toü anthrópou (nos evangelhos: em Mateus, 32 vezes; em Marcos, 14 vezes; em Lucas, 26 vezes; em João, 12 vezes; 84 vezes, sempre nos lábios do próprio Senhor Jesus, exceto em João 12:34 - quando uma multidão o identifica como o filho do homem, referindo-se ao messias)

Essa era a forma favorita de Jesus descrever a si mesmo e o título que mais frequentemente encontramos nos evangelhos (aparece mais de 80 vezes). Alguns críticos sustentam que Jesus, ao chamar a si mesmo de "Filho do homem, queria dizer apenas um ser humano", assim como o profeta Ezequiel [Ez 2.1-3]. Porém, no caso de Jesus há uma diferença crucial, pois Jesus não se referia a si mesmo como "filho do homem", mas sim como o Filho do homem. Jesus fez uso consistente dessa expressão com o artigo definido "o" ao longo de todos os evangelhos. Vamos analisar três razões para o uso da expressão "O Filho do Homem":

1. Ao usar o artigo definido, Jesus estava dirigindo a atenção para a figura divina-humana profetizada em Daniel 7.13-14, que o profeta descreve em sua visão da seguinte maneira:

"Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído" (Daniel 7.13-14)

A expressão "um como o filho do homem" pode ser interpretada de três principais maneiras - como um anjo (Miguel), uma personificação do povo de Deus (Israel) e o Messias. Os apóstolos do Novo Testamento (Jo 12.34) e o próprio Cristo (Mc 14.61,62) confirmam a última expressão, especificamente que "o filho do homem" é Jesus de Nazaré. A literatura Judaica do período posterior à Bíblia (por exemplo 1Enoque 46.1; 48.10; 4Ed 13 [alguém a quem o Altíssimo identifica como "meu Filho" e que PREEXISTE juntamente com o Altíssimo]) também reflete a teoria messiânica... O emprego que Jesus faz desse título em relação a si mesmo é uma das evidências mais convincentes de que ele afirmava ser o messias."

A figura descrita se parece com um ser humano ("alguém parecido com filho de homem"), mas ele "vinha nas nuvens" e que substitui os quatro grandes poderes mundiais, "foi-lhe dado domínio, e gloria" que devidamente pertencem a Deus somente. [alguns versículos do NT sobre vir das nuvens dotado de poder e autoridade: Mt 24.30; 25.52; 26.46; Lc 21.27; Jo 5.27; Ap 1.7]

Veja também o comentário da obra BEACON:

"Um novo rei e um novo reino (7.13-14). A seguir vem uma bela visão de um como o filho do homem (13), que vem nas nuvens do céu e recebe um domínio eterno (14). Todos os povos, nações e línguas tornam-se sujeitos a Ele. A escolha do título "Filho do homem" por Jesus inevitavelmente identifica o novo Rei. E a proclamação de Jesus acerca do Reino identifica o novo domínio."A relação dessa visão com a visão de Dn 2.44 é evidente. Ali a pedra que foi cortada da montanha substitui os reinos (Mt 24.30 e Ap 1.7).

2. A segunda razão é que esse título permitia-lhe ocultar-se quanto à sua verdadeira identidade. O povo judeu não estava preparado para recebê-lo como o Messias.

A literatura judaica (bíblica e não bíblica já citada) dava a possibilidade para os conterrâneos de Jesus reconhecer que ele estava utilizando desse título porque acreditava ser o messias, aquele que viria das nuvens cujo o reino era sem fim (Dn 7.13,14). Mesmo que alguns tivessem reconhecido as alusões de Jesus na utilização dessa expressão (Jo 12.34), nem todos à identificava por ser um título mais "obscuro" no seu significado. Assim, 'ao usar a expressão indireta "o Filho do homem" para referir a si mesmo, Jesus impedia uma revelação prematura de seu status messiânico e supra-humano.'2 (Mc 1.43; Mt 16.20)

3. A terceira razão é que com o uso da expressão Ele se identificava com a humanidade dependente. Jesus usou o título para indicar que o Messias participa do dilema humano a fim de tirar dele os homens. Ele é o segundo Adão (1Co 15.45), um personagem cheio de simpatia pelo homem, e redentor do mesmo.

Temos aí a base do ensino da "kenosis", ou humilhação de Cristo, quando de sua encarnação, e que Paulo se encarrega de desdobrar e explicar melhor.

Filipenses 2:6-8 "pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

Nessa passagem aprendemos que a encarnação não fez com que o Filho de Deus deixasse de ser Deus, somente porque agora era também o Filho do homem. O que sucedeu, porém, é que Jesus "se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou...". Por essa razão é que Jesus viveu na dependência da orientação ao Espirito Santo, orou ao Pai e reconheceu que não sabia de tudo, como, por exemplo não sabia a data de sua segunda vinda.

Jesus é o homem representativo, o verdadeiro homem, que sofreu os sofrimentos próprios dos homens, que se identificou com eles em todas as questões essenciais, menos quanto ao pecado. Ao mesmo tempo, ele é o 'Filho de Deus'.

Creio que já foi dito o suficiente para indicar o conceito radical que Jesus tinha de si mesmo. Eis aqui um homem que via a si mesmo como uma figura divina-humana: o Messias prometido, o unigênito de Deus e como o Filho de homem de Daniel, alguém a quem todo domínio e autoridade seriam dados. Distinto de todos os homens, conforme eles se encontram atualmente, ou seja, dotado da natureza divina essencial.

Pelo pr. Eder L Souza.

Bíbliografia:

Comentário de Daniel 7.13-14 na Bíblia de Estudo Apologia Cristã _ CPAD 2015

Comentário Bíblico BEACON

livro Em Guarda de William Lane Craig

Enciclopedia_de_biblia_teologia_e_filosofia, Norman Champlin

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