Quem Dizem que Eu Sou? *O Filho de Deus
Tendo em vista a importância de se ter uma crença correta sobre a pessoa de Jesus, este artigo, é o segundo (clique aqui para ver o primeiro) de uma sequência que, tem por objetivo analisar ,de forma resumida, o que Jesus pensava e ensinava sobre si próprio, veremos neste, o título "O Filho de Deus".
O que Jesus alegava?
Já vimos que, em seu julgamento, Jesus foi desafiado pelo sumo sacerdote sobre o fato de ser o Filho de Deus [Mc 14.61-62 Ele confirma ser o Messias e o Filho de Deus]. Essa é uma alegação frequente de Jesus nos evangelhos. Iremos analisar apenas 3 exemplos disso.
Primeiro, considere a parábola dos agricultores maus (Mc 12.1-9). Nessa parábola a vinha simboliza Israel (Is 5.1-7), o dono da vinha é Deus, os agricultores são os líderes religiosos dos judeus e os servos são os profetas enviados por Deus. Os agricultores espancaram e rejeitaram os servos do dono da vinha. Finalmente, o dono percebe que lhe restava ainda um servo para enviar: seu único e amado filho. "A meu filho respeitarão", disse ele. No entanto, os agricultores mataram seu filho, pois ele era o herdeiro da vinha.
Além do mais, a parábola não somente reflete a efetiva existência de donos de terra ausentes no mundo antigo, como também emprega imagens e temas encontrados em parábolas judaicas: a imagem de Israel como uma vinha. De Deus como o dono da vinha, agricultores indignos e rebeldes, a figura do filho e assim por diante, de modo que se encaixa perfeitamente no contexto judaico. A parábola também contém nuances interpretativas arraigadas em paráfrases aramaicas de Isaias 5, que estavam em uso nos dias de Jesus. (...)
Ora, o que essa parábola nos diz sobre a visão que Jesus tinha de si mesmo? Ela nos diz que Jesus via a si mesmo como o único Filho de Deus, diferente de todos os profetas, o ultimo mensageiro de Deus, e até mesmo como o herdeiro de Israel!
Jesus expressamente afirma ser o Filho de Deus em Mateus 11.27 (compare com Lc 10.22): "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar". (...)
Assim, o que esse dito nos diz sobre a visão que Jesus tinha de si mesmo? Ele nos diz que Jesus via a si mesmo como o único e exclusivo Filho de Deus, a única revelação de Deus Pai para a humanidade!
Pense nisso! Jesus se via como Filho de Deus em um sentido singular e absoluto, como alguém que tinha autoridade exclusiva para revelar o Pai para a humanidade.
Por fim, outro dito fascinante que revela a noção de Jesus de ser o Filho de Deus são suas palavras relativas a data da sua volta: "Contudo, quanto ao dia e a hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, mas somente o Pai" (Mc 13.32). Parece altamente improvável que pudesse ser fruto da teologia posterior da igreja, uma vez que atribui ignorância ao Filho. (...) O fato de que Marcos preserva esse dito, a despeito de sua ênfase no poder preditivo e na presciência de Jesus, é um testemunho de sua fidelidade em passar adiante as tradições sobre Jesus. Aqui, uma vez mais, vemos a consciência de Jesus de ser o único Filho de Deus.
O que Jesus quis dizer?
(...) embora os leitores gentios dos evangelhos fossem capazes de interpretar a expressão "Filho de Deus" em termos de seu status divino, em um contexto judeu esse não era o sentido costumeiro do título. Os reis judeus eram mencionados como filhos de Deus e na literatura judaica um homem justo poderia ser caracterizado como filho de Deus, como alguém que tinha Deus como pai. [Os 1.10; os anjos também poderiam ser referidos como filhos de Deus Jó 1.6]
Ainda assim, dada a singularidade e exclusividade da alegação de Jesus, tal uso genérico é realmente irrelevante. Vimos que Jesus considerava a si mesmo como Filho de Deus em um sentido singular que o diferenciava até mesmo dos profetas que vieram antes dele.
Mas que sentido era esse?
A resposta pode ser, mais uma vez, que Jesus considerava a si mesmo como o único Filho de Deus meramente no sentido de que ele era o Messias prometido. (...) A singularidade da filiação de Jesus poderia ser uma função da singularidade do Messias.
Mas ser meramente um Messias humano não daria a ele conhecimento exclusivo do Pai ou faria dele a revelação absoluta de Deus, como está dito em Mateus 11.27. Além do mais, o dito em Marcos 13.32 não revela apenas o singular senso de filiação de Jesus, mas também nos apresenta uma escala ascendente que vai dos homens a anjos, Filho e Pai. A consciência de Jesus de ser o Filho de Deus envolvia um senso de proximidade do Pai que transcendia a proximidade de qualquer ser humano (como, por exemplo, reis e profetas) ou mesmo de um ser angelical.
Na enciclopédia de R.N Champlin ele diz:
"é óbvio que em muitas referências, quando era aplicada a Jesus, significa muito mais do que uma mera relação especial, pois tenciona incluir a ideia de participação na essência divina; e é justamente neste particular que o cristianismo via muito além do que qualquer coisa que o judaísmo entendia com respeito à natureza do Messias. (Ver Mat. 11:27; Mar. 13:32; 14:36; João 20:17; 10:38; 14:10; 5:35; 3:16 e Heb. 1:2). (...)Cristo é de natureza divina, dotado da mesma natureza do Pai (ver João 5:19,30; 16:32: 8:49-58 e Heb. 1:3,4)"
E ainda, sobre a palavra unigênito:
"A palavra "unigênito" significa "único de sua espécie" (...)Nesse caso, o termo refere-se à posição de Cristo e Sua relação com a deidade,(...) segundo também declara João: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1:14).
"(...) o credo niceno, acompanhado por muitíssimos intérpretes, esclarece o termo da seguinte maneira: "O Filho unigênito de Deus, gerado por seu Pai antes de todos os mundos. Assim sendo, tal designação alude ao estado de existência pré-encarnada de Cristo, salientando alguma espécie de relação que havia entre Deus Pai e Deus Filho". Esse ensino equivale àquilo que os teólogos têm chamado de geração eterna do Filho."
E mais, sobre seu nascimento virginal:
"No começo de todos os três evangelhos sinópticos, a filiação de Cristo é claramente postulada. Não há que duvidar que tanto Mateus quanto Lucas, em seus evangelhos. davam grande valor ao nascimento virginal de Cristo. Mateus via no nascimento virginal o cumprimento da profecia sobre o Emanuel, como um sinal de que. naquela Criança, Deus viera habitar entre os homens [Is 7.14; Mt 1.23]. Em Lucas 1:35, a filiação de Cristo é diretamente ligada a seu nascimento virginal, por meio do poder do Espirito Santo Lc 1:31,32."
Tal concepção exaltada do Filho de Deus não era estranha ao judaísmo do primeiro século. O próprio Novo Testamento dá provas desse fato (Cl 1.13-20; Hb 1.1-12). Do mesmo modo, em 4Esdras 13 [um pseudoepígrafo], Esdras tem uma visão de um homem saindo do mar, que é identificado por Deus como "meu Filho" (13.32,37). Ele é retratado nesse livro como uma figura preexistente, celestial, que é revelada na terra em seu devido tempo e vem para dominar todas as nações.
Assim, temos com o título "o Filho de Deus" a mesma ambiguidade que encontramos com o título "o Messias".
Lutero disse:
"Deus tem muitos filhos, mas apenas um Filho unigênito, por meio de quem são feitas todas as coisas e todos os outros filhos".
vocábulo: PSEUDEPÍGRAFOS JUDAICOS
Existe uma serie de textos judaicos que datam de pouco antes ou de cerca da época de Cristo, e que foram escritos sob o nome de famosos reis e profetas. Essas obras não foram incluídas no Antigo Testamento, mas são valiosas para os historiadores pela visão que fornecem da vida religiosa e do pensamento judeu na época de Cristo.
Pelo pr. Eder L. Souza
Bíbliografia:
Enciclopedia_de_biblia_teologia_e_filosofia
livro Em Guarda de William Lane Craig
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