Nascimento da Alma

Segundo o espiritismo Kardecista, a alma/espírito em sua origem é tão-somente um "princípio inteligente" (como um animal irracional), que se evolui e se individualiza pouco a pouco em uma série de existências em milhões de anos que precedem o período de inteligência, racionalidade, a que chamamos de humanidade. Não para por ai! Espíritos nesse estágio, intelectuais e morais, por múltiplas vezes, revestem um corpo carnal para se purificarem em aperfeiçoamento sob contínua evolução, até chegarem em um estágio "angélico" (espírito de "primeira ordem"; Espírito Puro), o aperfeiçoamento máximo que podemos atingir (este é o estado de "salvação").

Não difere muito do mormonismo, que também ensina que os seres humanos têm uma existência espiritual anterior ao seu nascimento corpóreo. Dizem que "quando vivíamos como filhos espirituais com nossos pais celestes, nosso Pai Celestial contou-nos a respeito do seu plano para nos tornarmos mais semelhantes a ele. […] A fim de que estas coisas pudessem acontecer, era preciso que deixássemos a sua presença e recebêssemos corpos mortais […] outro lugar para viver"[1]. Ainda, após a morte, o homem entra no mundo dos espíritos e recebe o mesmo corpo que tinha antes de vir a este mundo, continuando numa evolução progressiva até alcançar o grau de divindade.

Buscando apoio na Bíblia para essa doutrina da preexistência humana, seus adeptos tentam utilizar até mesmo a Bíblia. Costumam citar Jeremias 1.5: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saístes da madre te santifiquei: às nações te dei por profeta".

Resposta cristã: Se Deus tivesse dito: "Antes que te formasse no ventre TU, HOMEM, ME CONHECESTE...", isto, sim, seria uma prova da preexistência do homem. Na língua hebraica, a expressão "conheci" (hb. yada) pode ser (e, devido contexto, é melhor) traduzido por "escolhi" (cf. NVI; NTLH; veja também Gênesis 18.19; Amós 3.2). As expressões conheci, consagrei, constitui são sinônimos aproximados, as quais geralmente apontam para escolha soberana divina.

Outra possível resposta é que tal expressão ("conheci") se refere à pré-ciência de Deus. De fato, nada nesse texto sugere preexistência humana ou reencarnação.

A Existência da Alma Segundo os Cristãos/a Bíblia

• Deus fez, criou e cria as pessoas:

Eclesiastes 7:29 O que descobri é tão somente isto: que Deus fez o ser humano reto, mas ele se meteu em muitos problemas.

Isaís 57:16 Pois não farei litígio para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim, bem como o fôlego da vida, que eu criei.

• E ele faz isso na concepção, as partes materiais e imateriais são formadas no ventre.

Zacarias 12:1 Sentença pronunciada pelo SENHOR a respeito de Israel. O SENHOR, que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do ser humano dentro dele, diz: [espírito sendo formado no (dentro do) corpo físico humano]

Salmos 139:13-16 Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. Graças te dou, visto que de modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles ainda existia.

Salmos 51:5 Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu a minha mãe. ​

Segundo as Escrituras Sagradas, o ser humano de fato precisa de uma "evolução", um aperfeiçoamento, mas não por terem sido criados de modo precário anterior ao seu nascimento. A Bíblia deixa claro "que Deus fez o ser humano reto, mas ele se meteu em muitos problemas" (Eclesiastes 7.29). O problema foi o pecado original, a queda de Adão e Eva, motivados pelo inimigo de nossas almas (satanás). No entanto, "Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo" (1João 3.8). É por meio da fé em Jesus que alcançaremos esse aperfeiçoamento, o qual a Bíblia trata como "corpos glorificados", "incorruptíveis" (1Coríntios 15.22,42,50-52; Filipenses 3.21; 1João 3.2). A nossa presente condição jamais foi atribuída a alguma causa anterior ao pecado de nossos primeiros pais (Romanos 5.12-21; 1Coríntios 15.22).

Teorias cristãs mais defendidas da formação da alma[2]:

Teoria criacionista. Trata-se de uma teoria segundo a qual Deus cria as almas (e/ou espíritos) diariamente, direta e imediatamente para cada corpo na concepção (na fecundação do óvulo pelo espermatozoide), e que somente o corpo é gerado, nesse momento, de modo natural.

Criacionistas se baseiam nos seguintes textos bíblicos: "e o espírito volte a Deus, que o deu" (Eclesiastes 12.7); "palavra do Senhor... que forma o espírito do homem dentro dele" (Zacarias 12.1); "... e as almas que eu fiz" (Isaías 57.16); Jesus passou a ser o Deus-homem a partir do momento da concepção, pois o anjo declarou: "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo" (Mateus 1.20). Pela pré-existência de Jesus podemos concluir que Maria só teve participação natural no que diz respeito ao corpo do Deus-homem.

Teoria traducionista. Essa teoria diz que a alma do homem individual surgiu juntamente com o corpo por meio de um ato genético. A raça humana foi criada imediatamente em Adão, no que diz respeito à alma como também ao corpo, e que ambos são propagados da parte dele por geração natural. Em outras palavras, a teoria afirma que os pais transmitem aos filhos todo o seu ser, como corpo e alma, reproduzindo-se, conforme todos os animais, segundo a sua espécie.

Argumentam que Deus soprou uma só vez o fôlego de vida, e depois capacitou ao homem a multiplicação da espécie (Gênesis 1.28; 2.7), assim como para todas as coisas vivas (cf. Gênesis 1.21). Entendem ainda que o ato da criação cessou completamente depois que foi criado o homem (Gênesis 2.2), portanto, Deus não estaria criando mais almas. Dizem ainda que as peculiaridades mentais e das tendênci­as familiares herdada dos pais, além das semelhanças físicas, fortale­cem a ideia de que os pais transmitem a alma aos filhos.

Ainda: Salmo 51:5 "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Deus não criaria uma alma iníqua);

Atos 17:26 "de um só fez toda a raça humana"

……

Após a morte os que morreram sem Cristo irão direto para o inferno, onde aguardarão o juízo final, para então serem lançados no lago de fogo (Lucas 16.22-24; Apocalípse 20.13-15). Os que morreram no Senhor irão para presença de Jesus, onde estarão até a sua vinda, quando ressuscitarão com novos corpos e assim estarão para sempre com o Senhor em sua glória (Eclesiastes 12.7; 2Coríntios 5.8; Filipenses 1.23, 1Tessalonicense 4.16-17). Não há reencarnação, apenas ressurreição[3].

[1] Princípios do Evangelho – Edição 1988, p. 23; O mormonismo, em alguns pontos, não passa de um plágio do espiritismo kardecista. O espiritismo ensina que as almas vão passando por várias reencarnações e, assim, por meio das dificuldades, das boas obras e do doutrinamento, acabam se purificando e escapam dos ciclos reencarnacionistas (um tipo de céu no espiritismo). Não existe base bíblica para afirmar tal coisa. Sabemos que vamos vê-lo face a face (1Co 13.12). Seremos semelhantes ao Senhor Jesus em sua ressurreição (1Jo 3.2) e teremos um corpo semelhante ao de Cristo (1Co 15.48-49).

[2] Para uma noção histórica do pensamento da igreja dos primeiros séculos confira "Teol. Sist. Pannenberg - vol.2.p267ss".

[3] Para mais sobre a heresia da reencarnação veja em: Reencarnação e a Bíblia